O setor agrícola brasileiro deve ficar mais um ano sem os dados atualizados do censo agropecuário. As previsões eram de que todo o planejamento e logística fossem montados em 2005, para que os recenseadores pudessem fazer o levantamento de campo em 2006. Mas o governo não incluiu a verba necessária para o projeto no orçamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão do Ministério do Planejamento.
Segundo o IBGE, para manter o atual cronograma seriam necessários R$ 50,00 milhões em 2005, R$ 233,00 milhões em 2006 e R$ 50,00 milhões em 2007. Sem a previsão desses recursos, o instituto está adiando a preparação para 2006 e o trabalho de campo para 2007, diz Antonio Carlos Florido, gerente nacional do censo agropecuário.
O adiamento vai prejudicar de novo a série histórica de dados sobre a agricultura brasileira. O último censo foi realizado entre agosto de 1995 e julho de 1996, usando o período do ano-safra, e não o ano civil (de janeiro a dezembro), como sempre foi feito anteriormente. Na época, houve atrasos na liberação de recursos, o que adiou o início da pesquisa
para o meio do ano. Com isso, boa parte dos dados do último censo não pode ser usada para o cálculo do PIB agrícola, que reflete a renda do setor no ano civil. "Os dados básicos para o cálculo do PIB agrícola ainda tiramos do censo de 1986", diz o gerente de Bens e Serviços da Coordenação das Contas Nacionais do IBGE, Gélio Bazoni.
A decisão de adiar o início do censo provocou protestos na comunidade
de pesquisadores do setor. A Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober) enviou carta ao ex-ministro do Planejamento, Guido Mantega, pedindo a revisão do orçamento do IBGE. Na carta, o presidente da Sober, Antonio Salazar Brandão, ressalta que o adiamento vai agravar "a carência de informações sobre a realidade rural brasileira".
O professor da Faculdade de Economia da USP e ex-secretário de política agrícola no primeiro governo FHC, Guilherme Dias, lembra que houve uma brutal mudança no setor agropecuário nos últimos cinco anos. "E há uma profusão de suposições sobre o setor, que somente um censo pode resolver. O censo de 1995 já foi falho e tudo isso compromete as análises e o planejamento tanto do setor privado quanto
do governo", diz Dias.
Antonio Florido lembra que boa parte do planejamento dos recursos para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é feita com base em dados de dez anos atrás. "Um exemplo são recursos do Pronaf Infraestrutura, que vão para os municípios. Nesse período, muita coisa mudou e as verbas podem estar sendo distribuídas para regiões que não mais necessitam e vice-versa", afirma Florido.
Parte dos dados é atualizada pela Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), realizada anualmente pelo IBGE, mas considerada menos confiável pelos analistas. Gervásio Castro de Rezende, pesquisador do IPEA e especialista em economia agrícola, destaca que a PAM tem muitos problemas, pois é feita com dados recolhidos por uma comissão local, que muitas vezes tem representantes das prefeituras.
Segundo o IBGE, para manter o atual cronograma seriam necessários R$ 50,00 milhões em 2005, R$ 233,00 milhões em 2006 e R$ 50,00 milhões em 2007. Sem a previsão desses recursos, o instituto está adiando a preparação para 2006 e o trabalho de campo para 2007, diz Antonio Carlos Florido, gerente nacional do censo agropecuário.
O adiamento vai prejudicar de novo a série histórica de dados sobre a agricultura brasileira. O último censo foi realizado entre agosto de 1995 e julho de 1996, usando o período do ano-safra, e não o ano civil (de janeiro a dezembro), como sempre foi feito anteriormente. Na época, houve atrasos na liberação de recursos, o que adiou o início da pesquisa
para o meio do ano. Com isso, boa parte dos dados do último censo não pode ser usada para o cálculo do PIB agrícola, que reflete a renda do setor no ano civil. "Os dados básicos para o cálculo do PIB agrícola ainda tiramos do censo de 1986", diz o gerente de Bens e Serviços da Coordenação das Contas Nacionais do IBGE, Gélio Bazoni.
A decisão de adiar o início do censo provocou protestos na comunidade
de pesquisadores do setor. A Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober) enviou carta ao ex-ministro do Planejamento, Guido Mantega, pedindo a revisão do orçamento do IBGE. Na carta, o presidente da Sober, Antonio Salazar Brandão, ressalta que o adiamento vai agravar "a carência de informações sobre a realidade rural brasileira".
O professor da Faculdade de Economia da USP e ex-secretário de política agrícola no primeiro governo FHC, Guilherme Dias, lembra que houve uma brutal mudança no setor agropecuário nos últimos cinco anos. "E há uma profusão de suposições sobre o setor, que somente um censo pode resolver. O censo de 1995 já foi falho e tudo isso compromete as análises e o planejamento tanto do setor privado quanto
do governo", diz Dias.
Antonio Florido lembra que boa parte do planejamento dos recursos para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) é feita com base em dados de dez anos atrás. "Um exemplo são recursos do Pronaf Infraestrutura, que vão para os municípios. Nesse período, muita coisa mudou e as verbas podem estar sendo distribuídas para regiões que não mais necessitam e vice-versa", afirma Florido.
Parte dos dados é atualizada pela Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), realizada anualmente pelo IBGE, mas considerada menos confiável pelos analistas. Gervásio Castro de Rezende, pesquisador do IPEA e especialista em economia agrícola, destaca que a PAM tem muitos problemas, pois é feita com dados recolhidos por uma comissão local, que muitas vezes tem representantes das prefeituras.
Famasul
Participe do nosso canal no WhatsApp
Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.
Participar