O trabalho deve estrear uma parceria entre Ministério da Saúde e Ministério da Ciência e Tecnologia, formalizada hoje, para incentivar estudos na área de saúde. Para toda a parceria, a pasta de Saúde deverá destinar R$ 57 milhões, a serem gastos ainda este ano.
Embora faltem somente três meses para o fim do ano, o ministro da Saúde, Humberto Costa, avalia que será possível usar toda a verba disponível neste prazo. "As negociações estão adiantadas. Vamos agora lançar editais para escolher laboratórios candidatos a todas as linhas de pesquisa", disse.
Além de trabalhos com células-tronco, a parceria deverá financiar projetos para desenvolvimento de vacinas, kits usados em diagnósticos, pesquisas relacionadas a doenças como hantavirose, mortalidade materna e violência e acidentes. Ao todo, são seis linhas de trabalho.
O diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do ministério, Reinaldo Guimarães, afirmou que os estudos com células-tronco deverão ser divididos em quatro grupos, cada um com 300 pacientes. Num deles, será avaliada a eficácia do transplante de células-tronco do próprio paciente para o tratamento de cardiopatias provocadas pela Doença de Chagas.
O segundo grupo, vai estudar os efeitos do tratamento em enfarte. O terceiro, em cardiopatias em que o coração do paciente está dilatado e a quarta, em casos crônicos.
O estudo da terapia com células-tronco do próprio paciente já vem sendo realizado em alguns centros do País, principalmente no Rio, São Paulo e Salvador.
Cerca de 70 pacientes já foram submetidos a essa técnica. "Os resultados obtidos até agora foram animadores", avalia Guimarães. Entretanto, a eficácia do uso de células-tronco do próprio paciente não é uma unanimidade entre pesquisadores. Alguns trabalhos demonstram que as células-tronco não são capazes de se transformar em células cardíacas. A terapia traria, no entanto, maior vascularização na área do coração afetada.
Mesmo com as dúvidas apresentadas por alguns grupos de pesquisa, Guimarães afirma que o estudo pode ter resultados promissores. "Não se trata de um estudo polêmico. Os resultados clínicos apresentados pelos pacientes estão aí para comprovar", defendeu.
"Não sabemos quais os mecanismos que levam à melhora dos doentes tratados com a terapia. Talvez células-tronco de adultos não se transforme em células cardíacas. Mas é preciso um grupo maior para comprovar isso." Assim que laboratórios forem escolhidos, será iniciado o recrutamento dos voluntários para a pesquisa.
Estadão
Participe do nosso canal no WhatsApp
Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.
Participar