As células progenitoras foram assumindo a forma de células fotorreceptoras maduras e apresentaram comportamento fotorreceptor 14 dias depois do implante.
Semeando células
Cientistas que tentam restaurar a visão danificada por doenças encontraram novas esperanças em um pequeno implante que "semeia" células novas nos olhos dos pacientes.
A degeneração macular e a retinite pigmentosa danificam os fotorreceptores, as células da retina que transformam a luz em sinais elétricos, que são transmitidos ao cérebro por meio do nervo óptico. Os danos deixam milhões de pessoas no mundo inteiro com perdas visuais e cegueira.
Os nervos por trás dessas células captadoras de luz, porém, permanecem intactos, o que significa que, com novos fotorreceptores, um paciente poderia novamente enxergar.
Cultivando fotorreceptores
As primeiras tentativas de regenerar a vista injetando células progenitoras ou células-tronco, que se diferenciam em fotorreceptores, nos olhos de animais falharam.
"Como em qualquer parte do sistema nervoso central, o tecido cicatrizado [deixado pelas doenças] é uma barreira à regeneração," conta o Dr. Gary Wnek, professor de ciência macromolecular na Universidade Case Western, nos Estados Unidos.
O Dr. Wnek, e seu colega Meghan Smith, juntamente com uma equipe das universidades de Harvard e da Califórnia, partiram então para projetar um implante que limpa o tecido da cicatriz deixada pelas doenças e deposita as células-tronco.
Os primeiros resultados da pesquisa acabam de ser anunciados na última edição da revista Biomateriais.
Implante biodegradável
O micro-implante consiste em uma sucessão de camadas construídas com fibras entrelaçadas de polímeros biodegradáveis, uma espécie de tecido plástico muito fino.
Na superfície do implante vão as células-tronco, enquanto, incorporadas nas fibras, vão pequenas bolsas que contêm enzimas que migram lentamente para fora do implante conforme o polímero se degrada, corroendo o tecido da cicatriz e deixando um terreno fértil para as células progenitoras.
Mágica da visão
O implante fornece um suporte tanto físico quanto químico para as células. A presença das enzimas elevou de 15 a 20 vezes o número de células progenitoras que sobreviveram depois do implante, em comparação com o implante sem as enzimas.
"Ninguém sabe ainda qual é o número mágico de células necessárias para recuperar a visão," diz o Dr. Tucker. "Mas eu suspeito que este é um número razoável", lembrando que trabalhos já publicados têm demonstrado que as pessoas que sofrem perda de visão podem recuperar a capacidade de enxergar com a adição de um número de células fotorreceptoras menor do que o número existente em um olho saudável.
Nos camundongos que receberam o implante, as células progenitoras foram assumindo a forma de células fotorreceptoras maduras e apresentaram comportamento fotorreceptor 14 dias depois do implante.
Implante 2.0
Os resultados ajudaram a projetar uma nova versão do implante, mais grossa e usando um polímero mais flexível, o que deverá melhorar ainda mais o número de fotorreceptores novos que se desenvolvem no olho.
A próxima etapa da pesquisa consistirá em testar o novo modelo do implante. Ainda não há previsão de data para avaliação da nova técnica em humanos.
Participe do nosso canal no WhatsApp
Clique no botão abaixo para se juntar ao nosso novo canal do WhatsApp e ficar por dentro das últimas notícias.
Participar