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Brasil

Índios abandonam reservas para reclamar terras em Dourados

8 Mai 2007 - 17h19
Quando Carlito de Oliveira voltou para as terras de seus ancestrais, que tinha sido obrigado a abandonar 50 anos atrás, em Mato Grosso do Sul, descobriu que a floresta tinha sido transformada em pasto.

Mas o índio caiová não desistiu. Invadiu a fazenda com sua família em 2001, e desde então se mantém lá, apesar dos vários confrontos com policiais e seguranças armados. "Aqui meu avô está enterrado, dou minha vida por esta terra", disse Oliveira no acampamento perto da cidade de Dourados.

Assim como Oliveira e sua família, uma parcela cada vez maior dos cerca de 40 mil índios que vivem na área está abandonando as reservas indígenas lotadas, onde o consumo excessivo de drogas e bebidas alcoólicas está disseminado, para reclamar as terras que lhes pertenceram no passado.

Enfrentando racismo e quase sem poder político para reivindicar a terra, sua tradicional submissão cada vez mais se transforma em revolta.

"Eles não vão morrer como uma espécie ameaçada, sem lutar", disse Zelik Trajber, médico-chefe da (Funasa) na reserva indígena de Dourados, perto dali. "Se eles conseguissem se organizar, seriam um problema sério."

O clima tenso já está alimentando a violência rural em Mato Grosso do Sul e preocupando os agricultores.

"Eles estão desestabilizando a agricultura do Brasil, são a maior ameaça a nossa produção", disse Gino Ferreira, presidente do Sindicato Rural de Dourados. Seu pai foi um dos pioneiros a ocupar a área, décadas atrás.

Ferreira disse que vai mobilizar os fazendeiros para defender suas propriedades se os índios continuarem invadindo terras.

EXPULSOS

Depois de um guarda na entrada do acampamento fazer um sinal indicando que era seguro sair, Oliveira deixou seu esconderijo e contou como sua família foi expulsa da terra em 1957, quando ele tinha 17 anos.

"Os fazendeiros disseram que tínhamos de sair porque eles é que eram os donos. Andamos três dias até a reserva", disse. "Como o governo pôde vender uma coisa que era nossa sem nos perguntar?", questionou.

Desde que dois policiais foram mortos a tiros em uma confusão no acampamento há um ano, Oliveira e outros cerca de 50 membros de sua família não vão à cidade, com medo de represálias. Eles não têm remédios nem outros itens básicos.

Na precária escola do acampamento, cinco jovens alunos que praticavam a pronúncia caiová ficam encantados ao ver um sabonete, levado por um funcionário público numa visita recente.

Um cartaz na parede reflete o pensamento de muitos índios dali: "Como viver num país em que fomos os primeiros e agora estamos entre os últimos".

Com medo das ameaças de morte dos seguranças que costumam invadir o acampamento, Oliveira chora ao contar como a polícia prendeu a maioria dos homens do local depois do incidente da morte dos policiais.

A Justiça Federal garantiu em 2004 à família de Oliveira o direito de permanecer na fazenda até que antropólogos do governo decidam sobre a validade de suas reivindicações.

Mesmo quando os índios ganham o direito à posse das terras na Justiça, os fazendeiros recorrem judicialmente porque não recebem indenização.

O governo já gastou bilhões de reais assentando sem-terra, que têm mais poder político em Brasília que os índios.

Rosangela Carvalho, que lidera a força-tarefa do governo criada no mês passado para analisar a crise das tribos indígenas na região, diz: "O maior obstáculo para solucionar a questão indígena são a ignorância e a burocracia em Brasília".

 

 

Terra Redação

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