Santa do Mel atrai até peregrinos do exterior

Se o mel que escorre da estátua de Nossa Senhora de Fátima é um fenômeno científico ou uma manifestação de Deus, até hoje não está explicado. Mas no diálogo com os fiéis que freqüentam a casa onde a imagem fica exposta, em Campo Grande, é possível ouvir inúmeros testemunhos de curas, sempre atribuídas aos benefícios do mel da santa.
 
O fenômeno começou em maio, e o primeiro a alcançar graças foi o proprietário da imagem. A família afirma que Júlio Rezek conseguiu se curar de um câncer depois de uma promessa feita a Nossa Senhora. Depois disso, segundo a família, teria começado a aparecer mel na imagem.
 
Fiéis viajam quilômetros para ver a 'Santa do Mel'
 
A visitação à “Santa do Mel” foi liberada para o público há três meses. Desde então, pessoas de várias regiões do País e até do exterior procuram a casa dos donos da imagem para fazer orações ou agradecer por alguma graça alcançada.
 
“Já veio gente do Japão, Portugal, França, Alemanha. Gente de todo o Brasil é o que mais tem” - afirma Sônia Miranda Diniz, esposa de Júlio Rezek.
 
Uma família de Dourados pediu mais paz no lar. Marilene levou até o local o marido, Ademir, e a filha caçula, Vanessa. A mãe relata que tem um relacionamento difícil com filho Maicon, de 16 anos, que não pôde visitar a imagem naquele dia. “Ele só não veio porque vai a uma excursão para Aparecida (SP)”.
 
As amigas chegaram de Maracaju para agradecer à Nossa Senhora. Marise Marcondes conta que deve sua saúde à divina providência. “Usei o mel como remédio. Fiz duas cirurgias para tirar nódulos de câncer, e teria que receber quimioterapia [começa a chorar], mas pedi a Deus para não fazer. Depois a médica falou que não precisaria de quimio, só da radioterapia. Hoje estou bem e vim agradecer a Deus.”
 
Adélia Ferreira encontra uma resposta para tanta comoção popular em torno da imagem. “A Virgem se revela à humanidade que não acredita mais na ressurreição de Cristo. É uma revelação divina para chamar nossa atenção a pensar na vida eterna”.
 
Multiplicando a fé
 
“Muda” é como os donos da casa se referem à amostra de mel que escorre da imagem, misturada com mel puro. Para obtê-la, a pessoa precisa participar de um círculo de oração. Cerca de dez voluntários atendem espontaneamente no local, seja servindo mel ou sopa, recebendo peregrinos ou entoando cânticos. Dona Conceição ensina como multiplicar a muda.
 
“A muda que está no copinho, você mistura com mel puro que se compra no comércio. Enquanto fizer isso, reze o terço para abençoar este mel, assim você poderá distribuir para amigos e parentes”, explica a voluntária.
 
Voluntários: Unidos na caridade
 
A comerciante Sílvia Alencar freqüenta a casa da “Santa do Mel” duas vezes por semana. “Eu sofri de dores de cabeça durante 30 anos e, desde que comecei a vir e a rezar, nunca mais tive”, afirma. Depois de três anos, ela reencontrou o irmão Luís, caminhoneiro que mora em Maringá (PR). “É uma alegria vê-lo aqui”, conta Sílvia.
 
Com um pacote nas mãos, o autônomo Antônio Alberto aproxima-se de todos que chegam à casa para entregar um pequeno panfleto. No papel, está a cópia de um cântico de sua autoria. “Quando entrei aqui, tive inspiração para compor. Hoje venho todos os dias para distribuir a lembrancinha, pois agradecer cantando é mais alegre”, diz Antônio.