A polícia tem três versões para o ataque, ocorrido entre 1h30 e 2 horas deste domingo. A primeira hipótese (a mais viável) é de que os traficantes teriam ordenado o fim do baile em respeito à morte de Andrezinho e fizeram os disparos depois de serem desobedecidos. De acordo com a segunda linha de investigação, os criminosos teriam desconfiado de que um dos participantes do baile havia delatado aos policiais onde Andrezinho estava. O comandante do Gpae, coronel Ubiratan Cândido, disse ainda que há a possibilidade de uma quadrilha rival ter liderado o ataque ao saber da morte do traficante.
Andrezinho Moral passava pela Rua do Cajá numa moto e levava um homem na garupa, armado com um fuzil. No sentido contrário, dois carros do Gpae, com 10 policiais, fazia a ronda de rotina. Quando eles se encontraram, houve o confronto. Andrezinho ficou ferido e foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, próximo dali, onde morreu. É possível que ele estivesse liderando um "bonde" (comboio de traficantes), já que uma moto e um escorte amassado e perfurado por balas foram abandonados no local da troca de tiros. O comandante do Gepae não confirmou.
Minutos depois de o traficante morrer no Getúlio Vargas, começaram a chegar as vítimas do ataque ao baile funk, socorridas por vizinhos em kombis e carros. Um homem que acompanhava a mãe no hospital contou que o Setor de Emergência "parecia um front de batalha". "Havia sangue para tudo o que é lado. Os acompanhantes das vítimas brigavam com os médicos para que seus parentes fossem atendidos primeiro. Não tinha médico para todo mundo. Alguns feridos foram atendidos na rua", contou.
Trinta e nove pessoas foram atendidas no Getúlio Vargas - 21 homens e 18 mulheres - e a maioria tinha entre 15 e 26 anos. Dezessete foram baleadas. As demais tinham ferimentos por estilhaços de granada. Quatro estavam em estado grave e foram operadas - Rogério Martins Amaral, de 19 anos, atingido na coluna cervical, Josenildo Pinto Barros, que recebeu vários tiros, Fábio Alves Marques, de 22 anos, baleado na perna, e Luiz Carlos da Silva, de 42 anos, atingido no abdômen. Um homem não identificado, que a polícia acredita ser traficante, morreu. Ele pode ser o carona da moto de Andrezinho.
Outras quatro vítimas foram transferidas para Hospital Carlos Chagas e um homem foi atendido no Hospital Geral de Bonsucesso. De acordo com o coronel Ubiratan Cândido, dois feridos foram buscar socorro no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias. "Eles tinham o que esconder", disse.
Operação - Somente 12 horas depois do ataque ao baile funk a polícia foi à Favela da Chatuba. Pela manhã, o comandante do 16.º Batalhão, tenente-coronel Celso Nogueira, disse que não havia necessidade de ocupar o morro. "Foi uma briga entre eles, não há necessidade de ocupação. A situação está muito perigosa". Por volta de 14 horas, foi montada uma megaoperação para que a Polícia Civil pudesse periciar o local do ataque. Cerca de 150 homens do 16.º BPM, do Gpae, do Choque, do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, com apoio de um helicóptero e do Caveirão (carro blindado do Bope), ocuparam a Chatuba. Houve troca de tiros em diversos pontos da favela. Não houve informação sobre feridos. Terminada a perícia, os policiais deixaram o morro.
Estadão
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