A caminho do nosso destino, pela estrada já foi possível ver o carretel que esguichava o fertilizante produzido a base de dejetos suínos. Produtores rurais encontraram na integração de culturas o caminho para aumentar a rentabilidade.
Perto dali, na fazenda Água Clara, o produtor Carlos Alberto Shimata, há pouco mais de um ano, conseguiu aumentar os lucros se dedicando a suinocultura e na criação de boi à pasto. Ele já entregou cerca de oito caminhões de animais só esse ano aos frigoríficos.
“Eu não consigo enxergar a suinocultura separada da suinocultura. Até porque nós adquirimos essa propriedade em função da possibilidade de integrar tanto o suíno quanto o bovino”, diz Carlos.
Nem é preciso ir tão longe para saber como ele vem trabalhando essas duas criações de maneira integrada. Ao lado dos galpões de suínos, o biodigestor capta os dejetos da granja e transforma tudo em biofertilizante para pastagem. O processo de produção é ecologicamente correto porque queima o gás metano dos dejetos, que é 21 vezes mais poluente que o gás carbônico.
A lagoa de matéria orgânica fica completamente cheia. Antes que ela transborde, o produto é transferido para outra lagoa, que através de mangueiras leva o produto já filtrado até alguns hidrantes espalhados no pasto.
O carrinho de irrigação joga apenas o líquido tratado, que contém elementos essenciais para a planta. Entre eles, o nitrogênio, potássio e fósforo.
A espécie de capim-mombaça surpreendeu em produtividade e hoje a locação do gado nos piquetes é bem melhor aproveitada: 10 cabeças por hectare.
O engenheiro agrônomo da fazenda Thiago José Goulart de Melo explica que o produto final do biodigestor, borrifado no pasto, tem vantagens que só a adubação química não traria para a gramínea.
“A grande vantagem do biofertilizante é que ele tem as três propriedades, a física, química e biológica, diretamente interagindo com o ambiente”, diz o engenheiro agrônomo.
As vantagens da substituição dos adubos químicos pela fertirrigação renderam uma economia de cerca de R$ 1,1 mil por hectare de pastagem ao ano. Nos oito piquetes, de cinco hectares cada, a redução de custo chega a mais de R$ 40 mil. O reaproveitamento dos dejetos não traz custo ao produtor, a não ser o investimento inicial, que em pouco tempo é amortizado.
“Além das granjas, que é um investimento que se paga, foi investido em torno de R$ 100 mil para poder fazer a fertirrigação”, conta Shimata.
Com rentabilidade comprovada na pastagem com o uso da fertirrigação, alguns pequenos produtores de milho da região de São Gabriel do Oeste também estão utilizando essa ferramenta sustentável.
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