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VICENTINENSE CONTA SUA HISTÓRIA

VICENTINENSE pioneiro e aos 94 anos conta que miséria do Ceará fez escolher MS onde é feliz até hoje

12 Mar 2017 - 16h07Por Thailla Torres - LADO B -
CAMPO GRANDE NEWS

O passado foi um tempo difícil na vida de Expedito e Raimunda. Casados há 69 anos, os dois enfrentaram dias de viagem para fugir da pobreza quando moravam no Ceará, na década de 1950. Por conta das dificuldades, buscaram uma vida melhor em Mato Grosso do Sul, quando o estado ainda era só Mato Grosso.

Pioneiro em Vicentina, a cidade do interior foi alento para Expedito Martins de Moura, de 94 anos e a família. Ele chegou ao município ao lado de dois filhos e a esposa Raimunda Dina de Moura, de 85 anos. Hoje, são pais de 14 filhos, têm 29 netos e 14 bisnetos.

"Era uma vida muito difícil, é até vergonhoso de contar", afirma Expedito com toda simplicidade e o sotaque que nunca se perdeu. "Era época da seca e nossa família era muito pobre. Meu pai era daquele trabalha em troca de um litro de milho, mas ainda assim ficava devendo. Não era fácil a vida que a gente tinha".

 
Expedito e Raimunda vão comorar bodas de vinho daqui uns dias. (Foto: Alcides Neto)Expedito e Raimunda vão comorar bodas de vinho daqui uns dias. (Foto: Alcides Neto)

Ele e Raimunda são primos. Quando se apaixonaram, ainda na adolescência, Expedito precisou lutar para conseguir casar com a mulher amada. "O pai dela era daqueles bem difíceis e não queria que a filha dele casasse com qualquer 'cabra', então eu falei que ia trabalhar bastante e a gente ia casar. Graças a Deus casamos e meu bem está aqui hoje comigo", diz Expedito com olhar todo apaixonado.

Em 1950, foi o sogro que descobriu a chance no então Mato Grosso. Veio para o Estado e meses depois voltou para buscar toda família de Raimunda e Expedito. No caminho do Ceará até aqui, a família enfrentou diversas dificuldades pela falta de informação, dinheiro e as mudanças. "A gente veio no pau de arara", lembra. "Pegamos trem, caminhão e caronas até chegar aqui, foram 23 dias de viagem". 

Mas antes da chegada, Raimunda diz que lidou com a morte do pai durante a percurso. "Ele passou muito mal e acabou falecendo quando chegamos na Bahia. Ficamos sem direção naquele tempo, ele era nosso guia. Mas a gente estava com as crianças e precisava seguir", lembra. 

O casal veio para o Estado na companhia de outras 7 famílias cearenses que na época viajavam pelo mesmo sonho de uma vida melhor.

"A fama boa daqui rodou o País e graças a Deus, cheguei aqui", diz Expedito. "Na época foi aberta uma colônia agrícola de em Dourados e por isso teve fama", explica. 

Depois de tantos dias, finalmente a família colocou os pés em Campo Grande, a reação de família foi de surpresa e por conta das condições, relata que foram vistos como mendigos. "Cheguei no dia 7 de setembro de 1952 com todo mundo encolhido, estava tendo uma geada naquele dia e o povo daqui era muito bem trajado. Olhavam pra gente perguntando quem eramos, chegamos aqui como pedir de esmola", recorda.

 
Foto de Raimundo e Expedito ao lado dos filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)Foto de Raimundo e Expedito ao lado dos filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas a família contou com a solidariedade de alguém que Expedito lamenta não lembrar o nome. "Um senhor chegou e perguntou quantas crianças haviam. Ficamos com medo e escondemos nossos filhos, mas depois esse mesmo homem voltou com 14 cobertores para passar a noite de frio. Foi a primeira ajuda que tivemos na cidade", recorda.

Seguiram para Indápolis na região de Dourados e só depois para Vicentina onde começaram a vida trabalhando na roça. "Eu vi aqui um lugar de paz. Em Vicentina conseguimos um pedacinho de terra para cuidar, plantamos e colhemos todos os dias. Enquanto eu trabalhava, Meu Bem cuidava dos filhos", recorda.

Na época, analfabetos, ele e a esposa só queriam batalhar pelo estudo dos filhos. Cheio de orgulho, comemora ter formado todo mundo. "Todos eles foram para escola e minhas filhas eu tive o gosto de colocar um anel de formatura no dedo de cada uma delas. Criei minha família no caminho do senhor e da educação", declara.

Apesar de não ter perdido o sotaque, Expedito carrega só os costumes que aprendeu no MS, entre eles, a gastronomia. "O que eu mais gostei quando cheguei foi a comida. Diferente da nossa, aqui foi a primeira vez que ouvi falar a palavra churrasco. Também conheci o chimarrão e a mandioquinha frita. Quando cheguei aqui, churrasco era coisa de gente graúda e povo pequeno comia mesmo só arroz e feijão. Mas agora aqui é tudo em abundância, nessa terra abençoada".

Apesar da origem, não há nada que os convença de voltar ao Ceará. "Só voltei em sonho e chego aperto o passo para sair dele. Não quero voltar para lá de jeito nenhum", afirma.

Foram tempos difíceis para a família, mas em que Expedito nunca perdeu a esperança. "Apesar da terra boa, quando cheguei, a gente se olhava perguntando se um dia conseguiria sair dessa pindaíba, mas hoje eu vejo que valeu a pena toda caminhada. Aqui é uma terra deleitosa e sou ricamente feliz".

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