Pagamentos de propinas milionárias envolvendo empresas, empreiteiras e agentes políticos abasteciam o esquema de corrupção durante o governo passado, atestam as investigações da Operação Lama Asfáltica deflagrada pela ela Polícia Federal, Receita Federal, CGU (Controladoria-Geral da União) e MPF (Ministério Público Federal) no último dia 9.
De acordo com as investigações, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), ex-secretário-adjunto de fazenda, André Luiz Cance, e o dono da empresa Proteco Construções Ltda, João Amorim, seriam os mais beneficiados pelo esquema criminoso.
De acordo com MPF, a Gráfica Alvorada, de Campo Grande, está na lista das empresas investigadas pela Operação Lama Asfáltica, que apura a existência de um esquema de corrupção que desviou mais de R$ 11 milhões dos cofres públicos.
Conforme documentos obtidos pelo portal Top Mídia News, as investigações apontam que o proprietário da Gráfica Alvorada, Mirched Jafar Junior, teria realizado diversos pagamentos de propina para agentes públicos em troca de favorecimento nas licitações realizadas pelo governo estadual.
De acordo com o MPF, Junior, como era conhecido o empresário, pagava propinas para o grupo.
A Polícia Federal interceptou uma ligação telefônica, realizada em 17 de dezembro de 2014, em que Cance pede que João Amorim empreste o “cheio de charme”, codinome para a aeronave do empresário, para que Junior viaje a Brasília, e destaca que o dono da gráfica seria o único disposto a cumprir o acordo, possivelmente o pagamento de propinas.
Em resposta, João Amorim garante que irá emprestar o avião desde que ele se responsabilize pelo combustível e ainda fala em “calote” dos demais envolvidos. Cance explica que ainda é possível receber o benefício, possivelmente a propina, mas não sabe se ela vai chegar até o dono da Proteco.
Nas investigações, Cance é apontado como braço direito do ex-governador André Puccinelli e intermediário no recebimento de propinas. Em ligação interceptada pela Polícia Federal no dia 22 de dezembro de 2014, o peemedebista convoca uma reunião com o então secretário-adjunto para que “tenha uma boa alvorada”.
Segundo o MPF, Cance ligou para Junior, da Gráfica Alvorada, minutos depois e marcou um encontro para recebimento do dinheiro. Já no dia 26 de dezembro, Puccinelli cobrou os “documentos” da gráfica para fazer a prestação de contas.
Uma quarta pessoa ainda não revelada também poderia estar envolvida, sendo que ela receberia parte do valor entregue ao ex-governador. O MPF considera que essa informação fica subentendida em conversa entre Cance e João Amorim, interceptada em 29 de dezembro de 2014.
O órgão de fiscalização também garante que Puccinelli tinha conhecimento da estrutura da organização e do seu modus operandi, contribuindo com as atividades ilícitas a partir do cargo que ocupava, inclusive intermediando pessoalmente a prorrogação de contratos que foram fraudados na origem e na execução.
Em relação à Gráfica Alvorada, a participação do chefe de Estado no esquema ficaria comprovada através de pagamento de R$ 13 milhões para a empresa, realizado dia 31 de dezembro de 2014, último dia de gestão do governo peemedebista.
OUTRO LADO
Flagrado em grampo -- ligações telefônicas autorizadas pela Justiça --, André Puccinelli (PMDB) disse que todos os contatos de sua administração foram firmados mediante orientação jurídica, obedecendo a legislação.
Ele nega, no entanto, sua participação em suposto esquema de fraude em licitações durante seu governo visando benefício próprio e de pessoas e empresas diretamente ligadas a seu grupo político.
A Polícia Federal descobriu esquema envolvendo empresas que movimentaram bilhões de reais em contratos fraudulentos em Mato Grosso do Sul.
Segundo a PF, elas agiam no governo estadual e também em prefeituras.
O ex-governador garantiu ainda não ter sido notificado a respeito das gravações telefônicas envolvendo também o ex-deputado federal e ex-assessor especial do Ministério dos Transportes, Edson Giroto (PR), o dono da Proteco Construções, João Amorim, o diretor da Egelte Engenharia, Egídio Vilani Comin e o ex-chefe da Casa Civil, Osmar Jeronymo, hoje conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), além do então secretário-adjunto de Fazenda, André Luiz Cance.
“A respeito de notícias envolvendo meu nome em investigações em curso, tenho a esclarecer neste momento que não tive acesso ao inquérito judicial e não fui notificado para me manifestar, por isso, até agora, não tenho conhecimento de quaisquer dos fatos alegados”, esclareceu.
Segundo ele, todas as decisões referentes a compras e contratação de serviços de seu governo foram tomadas com base na lei e mediante orientação jurídica pertinente, pelas secretarias de Estado, em suas respectivas áreas.
“Sempre estive e continuo à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos, inclusive disponibilizando meus sigilos bancário, fiscal e patrimonial, até porque, como bem afirmado pelo magistrado não há indícios de materialidade que envolvam meu nome”, argumentou André Puccinelli.
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